O uso de proteínas hidrolisada (liquida) antes do treino é correto? Saiba neste artigo!
A refeição antes do treino
é uma importante refeição para nós praticantes de musculação, e
atividade física em geral, pois ela irá fornecer nutrientes para que
nosso corpo possa se exercitar em um alto rendimento. Devemos consumir proteínas neste momento ou ainda devemos seguir a mesma regrinha de que comida sólida é a melhor opção?
As refeições liquidas possuem uma digestibilidade mais rápida e fácil,
visto o conteúdo presente no trato gastrointestinal que é líquido e a
possibilidade de melhor e maior ação enzimática. Consequentemente, a
absorção acontecerá mais rapidamente. Entretanto, essa absorção, apesar
de rápida, não é imediata e tampouco chega a ser tão rápida como a
maioria das pessoas pensa ser. Ações enzimáticas sim, acontecem e tem o
objetivo de diminuir o tempo de reações que naturalmente poderiam até
não acontecer. Mas, elas ainda demoram um certo tempo que deve ser
levado em consideração, obviamente.
Uma opção ainda melhor, se estivermos falando do período pré-treino inferior a 1 hora, é o trabalho com os próprios aminoácidos em sua forma isolada ou peptídeos. Neste caso, além da opção das próprias proteínas hidrolisadas, hoje, já bastante conhecidas, temos opções tais quais os BCAAs, a glutamina, a Beta-Alanina, a própria creatina,
entre outras. Esses aminoácidos e peptídios, além de possuírem a enorme
vantagem de terem importantes funções para o praticante de atividades
físicas como o fornecimento de energia para o músculo, o aumento nos
níveis de recuperação de ATP, o aumento no equilíbrio ácido-base e
muitos outros, não necessitam de digestão, podendo ser aproveitados de maneira muito mais rápida.
Não guarde seu precioso dinheiro que é
aplicado com proteínas hidrolisadas, após o treino. Prefira-as ANTES do
treino, dando preferência então a proteínas isoladas, misturadas com
pequenas proporções de caseína após o treinamento. Lembre-se que, ao
contrário da glicose e dos carboidratos em geral, as proteínas levam
muito mais tempo para serem digeridas, por isso, um cuidado todo
especial deve ser dado à elas.
Então se, refeições líquidas já demoram
certo tempo para derem digeridas, absorvidas e metabolizadas, imagine
então as refeições sólidas… Essas sim levarão horas e horas para
simplesmente passarem do trato do estômago para o intestino, dando
continuidade às hidrólises e posteriormente a absorção.
Treinar com o estômago cheio ou, simplesmente após ter realizado alguma refeição grande e, normalmente sólida, pode apresentar problemas tais quais hiperinsulimia durante o treino, sonolência, desconforto gástrico, congestões e outros.
Isso, sem contar que o fluxo sanguíneo que deveria ser direcionado aos
músculos que estão sendo trabalhados no exercício, estará sendo desviado
para o sistema gastrointestinal, para os processos de digestão e
absorção. Logo, teremos uma oxigenação do músculo prejudicada.
Falando especificamente sobre consumir proteínas hidrolisadas (liquida) antes do treino, podemos dizer que esta pode ser uma boa opção tão, ou melhor, que uma refeição sólida, se estivermos nos referindo a um período inferior a 1h da refeição pré-treino,
ou seja, em minha opinião, caso esse espaço seja maior, definitivamente
não acho a melhor opção uma alimentação líquida contendo proteínas
parcialmente digeridas. Isso porque, teremos um pico insulinêmico
anteriormente, teremos uma absorção de carboidratos que, poderia ser
otimizada com uma refeição sólida que estaria sendo metabolizada e
fornecendo energia também etc. Entretanto, mesmo essa refeição sólida
deve-se ter cuidado.
Se, por acaso, o indivíduo não consegue,
de fato, te essa refeição sólida, então, uma boa opção ainda é sim
utilizar refeições líquidas, mas contendo proteína “inteiras” ou não pré-digeridas, porém, em sua forma líquida (ou transformada em líquido) tais quais a albumina, a caseína
(seja em suplementação ou dos próprios leites e derivados) junto com
carboidratos que também possam ser mesclados na combinação como a farinha de aveia.
Essas pequenas partículas presentes nesse líquido serão mais facilmente
atingidas por enzimas, possibilitando então, uma digestão mais rápida
e, claro, um esvaziamento gástrico mais rápido também.
É importante ainda, levarmos em
consideração o nível de intensidade do exercício ou da sessão de
treinamento a ser realizado. Quanto maior for a intensidade, menor deve
ser o conteúdo presente no estomago, visando então não só um melhor
rendimento, mas principalmente uma prevenção de possíveis contratempos
como refluxos, vômitos, enjôos, desconfortos gastrointestinais e outros.
Além disso, algumas modalidades específicas necessitam de mais ou menos
alimentação, assim como um tempo decorrente da mesma até a atividade
física. É o caso de alguns corredores, que necessitam fazer sua refeição
principal pré-treinamento num período mais distante da prática
esportiva, quando comparado, por exemplo, ao bodybuilding.
Apesar de eu não ser extremamente a
favor deste próximo fator, o uso de suplementos ergogênicos, tais quais
os chamados “pré-treinos” é interessante de ser avaliado também, visto
que muitos desses produtos para terem sua eficácia máxima, não podem
sofrer interações com os alimentos. Alguns chegam a recomendar períodos
extensos até demais de jejum pré-treino.
Resumidamente, o que podemos dizer então? Devo unicamente beber proteínas ante do treino?
A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo. Observando a grosso modo e, sem levar em consideração a individualidade fisiobiológica, a resposta é sim,
momentos antes do treino não é interessante que se consuma muita coisa
pela alimentação. Aliás, inclusive, alguns mais extremos levam isso tão a
sério que evitam até grandes quantidades de água.
Entretanto, levando em consideração
essas particularidades fisiobiológicas, faz-se extremamente necessário
avaliar quadro a quadro e, obviamente as preferências dos atletas ou
praticantes de determinada modalidade. Enquanto alguns apresentarão
ótimos resultados realizando suas refeições 120-90 minutos antes do
treino, outros poderão se sentir fracos ou sem uma razoável nutrição
pré-treino, sendo então necessário reduzir esse tempo para 60, ou até
mesmo 40 minutos em casos extremos.
E tudo aquilo que aprendemos sobre uso de carboidratos (como batata-doce) antes do treino, vai por água abaixo? O ideal passa a ser apenas o uso de proteínas hidrolisadas?
Não, não cai por terra, mas, existem novas diretrizes que são consideradas em pesquisas atuais de apenas consumir aminoácidos
momentos antes do treino e, uma refeição mais rica em glicídios
momentos antes do consumo destes aminoácidos, visto que, na verdade, os
carboidratos que ingerimos antes do treino, se quer serão metabolizados
em glicogênio (onde efetivamente participarão do fornecimento energético
durante a atividade física). Logo, a refeição anterior a refeição
pré-treino torna-se tão importante quanto, ou até mais.
Além disso, usando aminoácidos livres
momentos antes, teremos uma rápida absorção dos mesmos e, eles podem
(BCAAs) fornecer energia ao músculo na atividade física de maneira tão
ou mais efetiva.
Exemplificando na prática o que eu disse, ficaria algo assim:
- 12:00h – Refeição sólida: Batata doce, peito de frango e óleos (MCT, caso o tempo com o treino seja inferior a umas 2-3h);
- 15:00h – Shake de Waxy Maize com Proteína concentrada do leite (WPC), AAs e peptídeos (Creatina, B-Alanina etc) e, talvez, MCTs;
- 16:00h – Shake pequeno de proteína hidrolisada (WPH) ou apenas AAs livres (BCAAs, preferencialmente);
- 16:30h – Pre-workout (Shotgun MHF-1 seria melhor opção);
- 17:00h – Treino;
- 18:00h – Shake de WPI + AAs (em alguns casos, adição ou não de CHOs, mas, não relacionados a Síntese Protéica);
- 19:20h – Refeição sólida – Macarrão Integral e tilápia, por exemplo.
- 15:00h – Shake de Waxy Maize com Proteína concentrada do leite (WPC), AAs e peptídeos (Creatina, B-Alanina etc) e, talvez, MCTs;
- 16:00h – Shake pequeno de proteína hidrolisada (WPH) ou apenas AAs livres (BCAAs, preferencialmente);
- 16:30h – Pre-workout (Shotgun MHF-1 seria melhor opção);
- 17:00h – Treino;
- 18:00h – Shake de WPI + AAs (em alguns casos, adição ou não de CHOs, mas, não relacionados a Síntese Protéica);
- 19:20h – Refeição sólida – Macarrão Integral e tilápia, por exemplo.
Conclusão:
Portanto, não ache que unicamente é válido a utilização de proteínas líquidas após o treinamento, mas sim, estas tornam-se opções bastante interessantes antes do treino também,
por mais que muitos insistam na tremenda bobagem que de “whey protein
pré-treino é desperdício, pois, se tornará energia e não substrato para
construção”, o que é uma mentira (desde que estejamos falando de
protocolos corretos de uso, claro!).
Para tanto, consultar um profissional
qualificado para ajudar-lhe a decidir esses importantes pontos e,
elaborar melhores estratégias, é mais do que fundamental. Jamais
negligencie-o.
Artigo escrito por Marcelo Sendon