Entenda melhor como funciona a hipertrofia cardíaca, mais conhecida como coração de atleta.
Como praticamente qualquer estrutura do corpo humano, o sistema cardiovascular,
possui a capacidade de modificar-se de acordo com estímulos que lhe é
dado e/ou por alguma razão que o faça ter de adaptar-se a uma nova
condição, seja ela metabólica ou não para manter as suas funções normais
ou otimizá-las (em alguns casos, diminuí-las também, o que não
necessariamente é algo benéfico). Assim, seguindo os conceitos básicos
da teoria evolutiva do homem, percebemos diferentes modificações em
diferentes indivíduos das mais diferentes formas.
O sistema cardiovascular
é um dos sistemas de maior extensão no corpo humano, visto que, através
dele, é possível distribuir nutrientes pelo corpo inteiro, além de
assegurar inúmeras outras funções, como a regulação ou a manutenção da
pressão arterial (que resultará não só no bombeamento sanguíneo em maior
quantidade e/ou velocidade, mas, na capacidade de absorção, filtragem,
excreção, entre outros de compostos diversos), auxílio na regulação da
temperatura corpórea, entre outras tantas. Assim, indispensavelmente,
esse é um sistema que, na maioria das situações está trabalhando de
maneira involuntária e ininterrupta, garantindo suas funções.
Como um
forte e eficaz estímulo sistemático, o exercício físico é um dos
estímulos capazes de fazer com que estruturas possam sofrer adaptações. A
verdade é que, apesar dos benefícios inúmeros que apresente o exercício
físico, o mesmo é muitas vezes entendido pelo corpo como uma agressão
ou uma situação desconfortável a qual serão necessárias essas tais
adaptações para que, em uma próxima realização ou submissão aquele
estímulo, torne-se mais fácil prosseguir por ele. E foi em 1989 que
Henschen observou pela primeira vez uma dessas modificações no sistema
cardiovascular: A hipertrofia e a dilatação dos vasos sanguíneos em
corações de indivíduos praticantes de atividades físicas em intensidade
razoavelmente alta.
As adaptações cardiovasculares através do exercício físico
são caracterizadas de basicamente duas formas diferentes as quais
recebem enfoques perante ao estímulo de exercícios de forma ou
exercícios de resistência. Ainda, esportes que possam vir a combinar
força, mas também, resistência, causam novos tipos de adaptação.
No exercício de resistência,
percebe-se um maior consumo de oxigênio, enquanto, no caso do exercício
de força, a maior modificação que se pode observar é a do aumento do
ventrículo esquerdo, causado pela necessidade de maior pressão para
distribuição sanguínea.
Durante os últimos 35 anos, através de
exames clínicos, percebe-se que algumas, ou praticamente todas as
modificações não são uniformes de pessoa para pessoa e normalmente, isso
ocorre por fatores relacionados à genética e ao fenótipo individual,
como o tamanho da massa corpórea do indivíduo, hábitos de vida,
alimentação, níveis de estresse, entre outros. O treinamento pode
induzir em aproximadamente 50% a remodelação cardíaca que confere um
aumento em diferentes proporções nos átrios e ventrículos, fazendo que
haja também diferentes alterações na pressão sanguínea tanto diastólica,
quanto sistólica. Não só esse aumento nas cavidades cardíacas pode ser
observada, mas, também, um aumento na massa cardíaca, sinalizando sinais
de hipertrofia e, em algumas especulações hiperplasia.
A verdade é que a maioria dos esportes,
procura combinar a força com a capacidade cardiorrespiratória de
endurance, pela conveniência que há, causando odificações cardíacas
médias com as características já citadas. Entretanto, parece-nos um
tanto quanto óbvio que algumas modalidades tendem a requerer apenas um
desses tipos, como, por exemplo o powerlifting, o qual não
necessariamente faz-se necessário uma capacidade aeróbia grande, mas
sim, uma capacidade anaeróbia grande. Por conseguinte, a forma com que
se treina faz com que sejam desenvolvidas modificações basicamente
relacionadas com o aumento do ventrículo esquerdo, pela necessidade de
uma pressão arterial elevada (normalmente obtida pela apnéia durante o
movimento realizado). Sabe-se que isso é necessário pela tendência que o
corpo tem de diminuir bruscamente a PA durante grandes esforços, como
uma espécie de “forma de defesa”.
Já no caso de um maratonista, por
exemplo, a força não é algo que precise estar no primeiro patamar de
importância em seu corpo, mas sim, uma grane capacidade de captação de
oxigênio e uma grande capacidade aeróbia.
Pelo alto grau de intensidade de
treinamento de muitos atletas, sejam eles “mistos”, “de força” ou “de
resistência”, algumas arritmias e outras doenças cardiovasculares podem
ser observadas, principalmente quando falamos de indivíduos que praticam
esportes competitivos desde a idade jovem (acontecendo, normalmente
pela interação entre o desenvolvimento cardíaco normal da fase de
desenvolvimento do indivíduo, associado a hipertrofia cardíaca frente ao
exercício, por exemplo). Porém, na maioria desses casos estas, são
inocentes e não causam sérios prejuízos, com raras exceções.
Explicação do Coração de Atleta em vídeo:
Conclusão:
Sabe-se que o exercício físico possui inúmeros benefícios ao corpo humano,
uma vez que, através das modificações que ele proporciona, conseguimos
manipular algumas formas em que o mesmo pode refletir. Por conseguinte,
se conseguirmos fazer com que essas modificações tornem-se convenientes,
então estaremos abstraindo o máximo do que há de bom nele. Um desses
benefícios, é a modificação cardíaca, causando uma melhora no sistema como um todo, visto a importância, as funções e também a extensão desse sistema.
Quando falamos do exercício competitivo,
alguns fatores merecem certos cuidados, visto que este não pode ser
equiparado apenas com saúde. Assim, pela sobrecarga que há de
treinamento, essas modificações tornam-se muito mais evidentes e,
acontecem em maiores níveis, fazendo com que alguns desses benefícios
também sejam aliados a alguns malefícios, como, no caso do maior grau de
modificações cardíacas, o que pode acabar por gerar alguns transtornos
como arritmias e, em alguns casos extremos outras doenças, como as
relacionadas a doenças corononarianas, que podem levar à morte.
Desta forma, para a maioria das pessoas,
deve-se abstrair o máximo do exercício moderado e aproveitar todos os
benefícios que ele pode nos proporcionar. Por isso, não deixe de
praticar o seu esporte favorito e obtenha uma vida cada vez mais
saudável e produtiva, com muito mais qualidade! Estar em dia com as
visitas a um cardiologista, irá facilitar e muito em definir se as
adaptações do seu coração de atleta são benignas ou malignas.
Bons treinos!
Artigo escrito por Marcelo Sendon
Nenhum comentário:
Postar um comentário